FENAVIST CLASSIFICA COMO “NORMAL” MORTE DE VIGILANTES EM
SERVIÇO
24/07/2013
Mais uma vez ficou comprovado o descaso das empresas com a
vida dos trabalhadores. Enquanto a categoria pede incansavelmente mais
investimento e atenção a diversos aspectos, entre eles a forma como é feito o
abastecimento de caixas eletrônicos, a Federação Nacional de Empresas de
Segurança e Transporte de Valores (Fenavist) entende que a morte de vigilantes
é “normal”. A afirmação foi feita pelo representante da Fenavist na 97ª reunião
da Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP), Salmen Kamal
Ghazale, e chocou os representantes dos trabalhadores. A reunião foi realizada
em Brasília no dia 17 de julho.
Enquanto argumentava sobre o crescente número de mortes de
vigilantes e cidadãos comuns em assaltos durante abastecimentos de caixas eletrônicos,
José Boaventura, presidente da Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV),
reiterou a necessidade de instalar os caixas eletrônicos em locais seguros e
sem grande circulação de pessoas.
Em resposta, Ghazale classificou essas fatalidades como “normais,
inerentes à profissão”. “É normal haver incidentes, morrer vigilante”, disse. A
afirmação confirma o descaso com as condições de trabalho que tantas vezes
resulta em mortes.
“Estamos falando de mortes decorrentes da negligência e não
do risco inerente à profissão. Isso demonstra o trato irresponsável das
empresas com a vida das pessoas. Quantas mortes serão necessárias para que se
perceba que não é possível continuar do jeito que está?”, indagou Boaventura.
Antes do julgamento dos processos José Boaventura,
presidente da CNTV, apresentou um vídeo mostrando vigilantes fazendo
abastecimento de caixas eletrônicos em supermercado, shopping e rodoviária no
Espírito Santo.
Eles aparecem sentados no chão, contando o dinheiro dos
cassetes, em situação de alto risco para esses trabalhadores e os cidadãos que
passam no local. Boaventura cobrou o fim da contagem e do manuseio do
numerário, bem como a utilização de máquinas que possibilitam a simples troca
de cassetes.
O representante da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr, reforçou
a luta dos vigilantes, recordou que segue em aberto um procedimento instaurado
em 2009 sobre o problema no Ministério Público do Trabalho (MPT) em Brasília e
defendeu a instalação de caixas eletrônicos somente em locais seguros com abastecimento
na parte traseira mediante a troca de cassetes, como no Itaú.
A nova coordenadora da CCASP, delegada Silvana Helena Vieira
Borges, prometeu realizar um estudo sobre o assunto e depois fará um parecer
orientando o procedimento, a fim de garantir segurança nas operações de
abastecimento.
Também sugeriu uma mudança na norma e a estipulação de um
prazo para o cumprimento, além de uma comissão com a Fenavist, Associação
Brasileira das Empresas de Vigilância (Abrevis), Associação Brasileira das
Empresas de Transporte de Valores (ABTV), CNTV e PF para discutir o tema.
Fonte: CNTV
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