Segurança em Grandes Eventos
Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016 marcam o
início de uma nova era para a segurança privada no Brasil
Revista Fenavist Fevereiro - 2010
Gols, medalhas e muita emoção. O Brasil será nos próximos
anos a capital mundial do esporte. Em 2014, o país sediará a Copa do Mundo
depois de 64 anos. A última vez que o torneio aconteceu aqui foi em 1950. Já em
2016, será a vez de os Jogos Olímpicos acontecerem em solo tupiniquim. E o que
os dois eventos têm em comum além da torcida e das disputas em alto nível? A
segurança é claro.
As empresas de segurança privada do Brasil passam a encarar
o desafio de se desenvolverem de forma ainda mais profissional em busca de
melhoria da qualidade, além de estreitarem a parceria entre o público e o
privado, isso porque o regulamento da Federação Internacional de Futebol (FIFA)
prevê para jogos organizados pela entidade, entre eles os da Copa do Mundo, a
interação entre a segurança pública e privada.
Nesse modelo, a Polícia Militar cuida da parte externa e os
vigilantes (chamados pela FIFA de assistentes de segurança) da segurança
interna. Para o coordenador-geral de Controle de Segurança Privada da Polícia
Federal (PF), Adelar Anderle, que também integra um grupo de estudo sobre
segurança em grandes eventos, a mudança na forma de fazer a segurança nos
estádios brasileiros é um grande desafio. “Estamos no caminho certo. No Brasil,
não há tradição em estádio de futebol com a atuação da segurança privada. O
nosso modelo é baseado exclusivamente na Polícia Militar. O regulamento de
segurança da FIFA prevê que a segurança interna do estádio fique a cargo da
segurança privada, responsável pelo estacionamento interno dos estádios,
lidando com a bilheteria, com as catracas, torcidas e isolamento do campo de
futebol. A PM, polícia ostensiva, faz a parte do setor público.
É natural que, dentro dos estádios, tenha grupos da PM em
stand-by, para atuar em casos de grave perturbação da ordem e no caso de crime
dentro do estádio. E o comando ficará numa sala onde a segurança privada vai
estar lado a lado com a segurança pública.”
Anderle acredita ainda que o modelo de integração entre a
segurança pública e privada não ficará restrita apenas aos estádios. “A
segurança privada também atuará nos hotéis e nas concentrações das equipes,
também na segurança pessoal privada das equipes, bem como produtos. A
integração entre as duas esferas de segurança será uma quebra de paradigmas.”
No entanto, o próprio coordenadorgeral de Controle de
Segurança Privada afirma que, como toda quebra de paradigma, a integração entre
a segurança pública e privada nos estádios sofrerá um pouco de resistência, mas
prevê um futuro promissor. “É natural. Mas já tem uma parte a favor. A própria
Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) foi consultada sobre isso e é
a favor. Rejeição sempre haverá. Mas a novidade está lançada. Não é uma
exigência nossa, mas do regulamento de segurança da FIFA. Já temos alguns
modelos com a integração com a segurança dos presídios.”
Oportunidade – O Governo Federal deve investir milhões de
reais em segurança para que tudo saia da melhor forma possível e incidentes
como o que atingiu a Copa Africana de Nações (maior torneio de futebol entre
seleções da África), quando o ônibus da seleção do Togo foi metralhado em
território angolano antes do início da disputa, não aconteçam em solo
brasileiro.
E para que tudo transcorra da melhor forma possível, a
participação da segurança privada será fundamental. “Esta é a oportunidade que
estávamos esperando. Há muitos anos estamos nos colocando à disposição da
segurança pública para trabalharmos de forma complementar, até porque este é o
nosso papel.
E, agora, com a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, tenho
certeza que a parceria vai deslanchar”, explica o presidente da Fenavist,
Jerfferson Simões.
Com o intuito de fazer com que as empresas brasileiras
cumpram seu papel da melhor forma possível, a Fenavist já vem trabalhando para
ajudar na adaptação delas ao novo modelo.
Em novembro, Simões, junto com alguns diretores da
Federação, participou do IV Congresso Nacional dos Delegados de Polícia
Federal, em Fortaleza-CE. Os membros da Federação participarão de forma ativa
do fórum de debate sobre a Segurança em Grandes Eventos Internacionais, visando
à preparação para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. O
evento foi organizado pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal
(APF) e teve o apoio oficial da Fenavist, reunindo mais de 400 delegados de
Polícia Federal.
Além disso, advogados, juízes, promotores, professores de
Direito, estudantes, imprensa, servidores do Ministério da Justiça (MJ),
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Advocacia Geral da União (AGU),
Controladoria Geral da União (CGU), Tribunal de Contas da União (TCU),
parlamentares e representantes da Conferência Nacional de Segurança Pública (Conseg)
também estiveram presentes.
Qualificação – No quesito qualidade, a Fenavist já deu um
passo importante para auxiliar as empresas na preparação dos vigilantes que
atuarão na Copa do Mundo e nos Jogos Olímpicos.
A Federação e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Estado
do Ceará (Senac-CE) assinaram convênio de parceria educacional para a
realização de cursos de línguas (inglês e espanhol), visando à qualificação de
vigilantes que vão trabalhar em grandes eventos no país. Pelo acordo, o Senac
concederá 50% de desconto aos trabalhadores das empresas que estiverem filiadas
à Fenavist no estado do Ceará. Trata-se de um protocolo de intenção que,
futuramente, pode ser estendido para todo o país.
Os cursos serão realizados na empresa de segurança ou no
Senac, no período e horário a serem acertados. Será expedido o certificado aos
participantes que obtiverem 75% de frequência e aprovação na avaliação das
competências desenvolvidas no curso.
“Este é o primeiro passo de vários outros que pretendemos
dar sempre com o objetivo de auxiliar as empresas no desenvolvimento de suas
atividades. Se tudo der certo, conseguiremos estender o curso a outras sedes do
mundial de 2014. Quem sabe, para o país inteiro”, comemora o presidente da
Fenavist.
De acordo com o Estatuto da FIFA, os assistentes de ordem
(vigilantes), se contratados por intermédio de uma empresa de segurança privada
têm, entre outras, as seguintes atribuições:
- realizar controles de segurança nas vias de acesso ao
perímetro exterior e interior do estádio, assim como os setores não autorizados
para o público em geral;
- proteger as zonas-chave (ex: catracas, lugares e janelas
de entrada,vestiários das equipes e dos árbitros, salas VIP e seus veículos,
autoridades representantes de instituições e suas instalações técnicas
respectivas);
- controlar e revistar os espectadores, assim como os
objetos que levem consigo, ao ingressarem no estádio e dentro dele;
- garantir a separação em setores dos grupos de torcidas de
acordo com suas entradas;
- garantir que todas as vias de entrada e saída, assim como
as saídas de emergência, permaneçam desobstruídas;
- garantir a presença de pessoal nas vias de entrada e
saída, assim como nas saídas de emergência que se localizam nos setores das
torcidas (particularmente nas tribunas de honra), desde a abertura até o
fechamento do estádio;
- evitar a entrada sem autorização dos espectadores a zonas
não autorizadas ao público, particularmente no campo e redondezas;
- proteger jogadores e oficiais da partida desde a hora que
ingressam e ao abandonarem o campo de jogo;
- informar a polícia sobre qualquer incidente passível de
punição de acordo com a lei.
Revista Fenavist Fevereiro - 2010
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