sábado, 20 de abril de 2013

SEGURANÇA EM GRANDES EVENTOS


Segurança em Grandes Eventos

Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016 marcam o início de uma nova era para a segurança privada no Brasil
Revista Fenavist Fevereiro - 2010

Gols, medalhas e muita emoção. O Brasil será nos próximos anos a capital mundial do esporte. Em 2014, o país sediará a Copa do Mundo depois de 64 anos. A última vez que o torneio aconteceu aqui foi em 1950. Já em 2016, será a vez de os Jogos Olímpicos acontecerem em solo tupiniquim. E o que os dois eventos têm em comum além da torcida e das disputas em alto nível? A segurança é claro.
As empresas de segurança privada do Brasil passam a encarar o desafio de se desenvolverem de forma ainda mais profissional em busca de melhoria da qualidade, além de estreitarem a parceria entre o público e o privado, isso porque o regulamento da Federação Internacional de Futebol (FIFA) prevê para jogos organizados pela entidade, entre eles os da Copa do Mundo, a interação entre a segurança pública e privada.
Nesse modelo, a Polícia Militar cuida da parte externa e os vigilantes (chamados pela FIFA de assistentes de segurança) da segurança interna. Para o coordenador-geral de Controle de Segurança Privada da Polícia Federal (PF), Adelar Anderle, que também integra um grupo de estudo sobre segurança em grandes eventos, a mudança na forma de fazer a segurança nos estádios brasileiros é um grande desafio. “Estamos no caminho certo. No Brasil, não há tradição em estádio de futebol com a atuação da segurança privada. O nosso modelo é baseado exclusivamente na Polícia Militar. O regulamento de segurança da FIFA prevê que a segurança interna do estádio fique a cargo da segurança privada, responsável pelo estacionamento interno dos estádios, lidando com a bilheteria, com as catracas, torcidas e isolamento do campo de futebol. A PM, polícia ostensiva, faz a parte do setor público.


É natural que, dentro dos estádios, tenha grupos da PM em stand-by, para atuar em casos de grave perturbação da ordem e no caso de crime dentro do estádio. E o comando ficará numa sala onde a segurança privada vai estar lado a lado com a segurança pública.”
Anderle acredita ainda que o modelo de integração entre a segurança pública e privada não ficará restrita apenas aos estádios. “A segurança privada também atuará nos hotéis e nas concentrações das equipes, também na segurança pessoal privada das equipes, bem como produtos. A integração entre as duas esferas de segurança será uma quebra de paradigmas.”
No entanto, o próprio coordenadorgeral de Controle de Segurança Privada afirma que, como toda quebra de paradigma, a integração entre a segurança pública e privada nos estádios sofrerá um pouco de resistência, mas prevê um futuro promissor. “É natural. Mas já tem uma parte a favor. A própria Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) foi consultada sobre isso e é a favor. Rejeição sempre haverá. Mas a novidade está lançada. Não é uma exigência nossa, mas do regulamento de segurança da FIFA. Já temos alguns modelos com a integração com a segurança dos presídios.”
Oportunidade – O Governo Federal deve investir milhões de reais em segurança para que tudo saia da melhor forma possível e incidentes como o que atingiu a Copa Africana de Nações (maior torneio de futebol entre seleções da África), quando o ônibus da seleção do Togo foi metralhado em território angolano antes do início da disputa, não aconteçam em solo brasileiro.
E para que tudo transcorra da melhor forma possível, a participação da segurança privada será fundamental. “Esta é a oportunidade que estávamos esperando. Há muitos anos estamos nos colocando à disposição da segurança pública para trabalharmos de forma complementar, até porque este é o nosso papel.
E, agora, com a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, tenho certeza que a parceria vai deslanchar”, explica o presidente da Fenavist, Jerfferson Simões.
Com o intuito de fazer com que as empresas brasileiras cumpram seu papel da melhor forma possível, a Fenavist já vem trabalhando para ajudar na adaptação delas ao novo modelo.
Em novembro, Simões, junto com alguns diretores da Federação, participou do IV Congresso Nacional dos Delegados de Polícia Federal, em Fortaleza-CE. Os membros da Federação participarão de forma ativa do fórum de debate sobre a Segurança em Grandes Eventos Internacionais, visando à preparação para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. O evento foi organizado pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (APF) e teve o apoio oficial da Fenavist, reunindo mais de 400 delegados de Polícia Federal.
Além disso, advogados, juízes, promotores, professores de Direito, estudantes, imprensa, servidores do Ministério da Justiça (MJ), Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Advocacia Geral da União (AGU), Controladoria Geral da União (CGU), Tribunal de Contas da União (TCU), parlamentares e representantes da Conferência Nacional de Segurança Pública (Conseg) também estiveram presentes.
Qualificação – No quesito qualidade, a Fenavist já deu um passo importante para auxiliar as empresas na preparação dos vigilantes que atuarão na Copa do Mundo e nos Jogos Olímpicos.
A Federação e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Estado do Ceará (Senac-CE) assinaram convênio de parceria educacional para a realização de cursos de línguas (inglês e espanhol), visando à qualificação de vigilantes que vão trabalhar em grandes eventos no país. Pelo acordo, o Senac concederá 50% de desconto aos trabalhadores das empresas que estiverem filiadas à Fenavist no estado do Ceará. Trata-se de um protocolo de intenção que, futuramente, pode ser estendido para todo o país.
Os cursos serão realizados na empresa de segurança ou no Senac, no período e horário a serem acertados. Será expedido o certificado aos participantes que obtiverem 75% de frequência e aprovação na avaliação das competências desenvolvidas no curso.
“Este é o primeiro passo de vários outros que pretendemos dar sempre com o objetivo de auxiliar as empresas no desenvolvimento de suas atividades. Se tudo der certo, conseguiremos estender o curso a outras sedes do mundial de 2014. Quem sabe, para o país inteiro”, comemora o presidente da Fenavist.
De acordo com o Estatuto da FIFA, os assistentes de ordem (vigilantes), se contratados por intermédio de uma empresa de segurança privada têm, entre outras, as seguintes atribuições:
- realizar controles de segurança nas vias de acesso ao perímetro exterior e interior do estádio, assim como os setores não autorizados para o público em geral;
- proteger as zonas-chave (ex: catracas, lugares e janelas de entrada,vestiários das equipes e dos árbitros, salas VIP e seus veículos, autoridades representantes de instituições e suas instalações técnicas respectivas);
- controlar e revistar os espectadores, assim como os objetos que levem consigo, ao ingressarem no estádio e dentro dele;
- garantir a separação em setores dos grupos de torcidas de acordo com suas entradas;
- garantir que todas as vias de entrada e saída, assim como as saídas de emergência, permaneçam desobstruídas;
- garantir a presença de pessoal nas vias de entrada e saída, assim como nas saídas de emergência que se localizam nos setores das torcidas (particularmente nas tribunas de honra), desde a abertura até o fechamento do estádio;
- evitar a entrada sem autorização dos espectadores a zonas não autorizadas ao público, particularmente no campo e redondezas;
- proteger jogadores e oficiais da partida desde a hora que ingressam e ao abandonarem o campo de jogo;
- informar a polícia sobre qualquer incidente passível de punição de acordo com a lei.
Revista Fenavist Fevereiro - 2010

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